Durante agosto, observamos um movimento de queda de preços na bolsa americana. A volatilidade expressa pelo índice VIX disparou, mas essa oscilação está dentro do intervalo de flutuação para mercados em tempos normais, em momentos sem risco de recessão. A diferença é que agora entramos em um ciclo de cortes de juros, e não um movimento pontual. O BC norte-americano dispõe hoje de instrumentos para dar suporte à economia, caso o mercado venha a se preocupar com uma desaceleração mais forte.

Entretanto, as dúvidas que permearam o primeiro semestre permanecem. Será que os riscos específicos do Brasil poderiam atrapalhar o país de colher os benefícios de um mundo mais favorável a ativos de risco? O primeiro risco era a preocupação com a sustentabilidade do programa fiscal. Aparentemente—com os contingenciamentos e reduções de despesas anunciados até agora e com o início do ciclo de cortes de juros indicado pelo Fed—esse assunto voltou ao segundo plano até o ano que vem. Ou seja, a preocupação fiscal não sai de cena, mas os mercados têm incorporado outros fatores direcionadores de preços. A novidade do debate econômico no Brasil, além da discussão fiscal, é a discussão da política monetária, que voltou a ser importante para os preços dos ativos, uma vez que é vista como forma de compensar o prêmio de risco para uma política fiscal que ainda precisa projetar equilíbrio de longo prazo.

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Q: Projeções de crescimento

Do ponto de vista do resultado das empresas, nossa projeção para o crescimento de lucros para as ações componentes do índice S&P500 na casa de 11% no ano está mantida, também dando suporte aos preços nesse mercado. Nessa última temporada de balanços, começamos a ver indicações das companhias de que os lucros futuros podem não crescer no mesmo ritmo, o que é sempre um risco quando a avaliação das empresas já está alta.

Projetamos um panorama favorável para ativos de risco globalmente e o impacto das políticas econômicas internas no Brasil.

02 set 2024 2 minutos de leitura

A desaceleração da atividade norte-americana já se apresenta claramente, mas, por enquanto, de forma moderada. A partir de agora, qualquer dado de atividade econômica, especialmente do mercado de trabalho, passa a ter mais peso do que os de inflação para determinar a direção dos preços dos ativos.

Reação dos mercados

Cortes de juros nos Estados Unidos

Na maior economia do mundo, a interpretação de que os dados econômicos divulgados recentemente já indicariam um corte de juros pelo Federal Reserve foi reforçada pela mudança de tom do chairman Jerome Powell, que agora parece menos preocupado com a inflação e mais preocupado com o enfraquecimento no mercado de trabalho.

O cenário de cortes de juros nos Estados Unidos, sem recessão econômica, é muito positivo para os ativos de risco em geral, dentro e fora dos Estados Unidos. Esperamos que o novo ciclo de reduções dos juros nos EUA comece no dia 18 de setembro.

Queda de preços

Durante agosto, observamos um movimento de queda de preços na bolsa americana. A volatilidade expressa pelo índice VIX disparou, mas essa oscilação está dentro do intervalo de flutuação para mercados em tempos normais, em momentos sem risco de recessão.

A diferença é que agora entramos em um ciclo de cortes de juros, e não um movimento pontual. O BC norte-americano dispõe hoje de instrumentos para dar suporte à economia, caso o mercado venha a se preocupar com uma desaceleração mais forte.

Projeções de crescimento

Do ponto de vista do resultado das empresas, nossa projeção para o crescimento de lucros para as ações componentes do índice S&P500 na casa de 11% no ano está mantida, também dando suporte aos preços nesse mercado.

Nessa última temporada de balanços, começamos a ver indicações das companhias de que os lucros futuros podem não crescer no mesmo ritmo, o que é sempre um risco quando a avaliação das empresas já está alta.

Mercados no Brasil

Ativos de risco com melhor desempenho

No Brasil, nos meses de julho e agosto, as posições de maior risco começaram a desempenhar bem. Foram dois meses nos quais classes de ativos como títulos pré-fixados, ativos ligados a inflação, fundos multimercados e ações apresentaram desempenhos acumulados acima do CDI.

Essa virada de chave a favor de ativos de risco confirma a nossa tese de que a conclusão do ciclo monetário nos Estados Unidos seria muito importante como centelha para destravar o potencial de ganho dos ativos de risco no mundo. E, em particular, o Brasil apresentava ativos a preços especialmente descontados.

Dúvidas permanecem

Entretanto, as dúvidas que permearam o primeiro semestre permanecem. Será que os riscos específicos do Brasil poderiam atrapalhar o país de colher os benefícios de um mundo mais favorável a ativos de risco?

O primeiro risco era a preocupação com a sustentabilidade do programa fiscal. Aparentemente—com os contingenciamentos e reduções de despesas anunciados até agora e com o início do ciclo de cortes de juros indicado pelo Fed—esse assunto voltou ao segundo plano até o ano que vem. Ou seja, a preocupação fiscal não sai de cena, mas os mercados têm incorporado outros fatores direcionadores de preços.

A novidade do debate econômico no Brasil, além da discussão fiscal, é a discussão da política monetária, que voltou a ser importante para os preços dos ativos, uma vez que é vista como forma de compensar o prêmio de risco para uma política fiscal que ainda precisa projetar equilíbrio de longo prazo.

Aumentos de juros no Brasil

Recentemente, vários diretores do Banco Central do Brasil (BCB), e inclusive o presidente da República, se manifestaram publicamente sobre a possibilidade de aumento de juros no Brasil, em um contexto de deterioração cambial.

O mercado reagiu positivamente às falas mais duras, fazendo com que o câmbio se valorizasse no momento em que as autoridades indicavam a possibilidade de elevação de juros e se desvalorizasse quando essas declarações recuavam, dando a entender que um novo ciclo de altas de juros não era garantido.

O mercado está indicando que a prescrição correta de política é segurar o câmbio e as expectativas de inflação com juros mais altos no curto prazo, e que esse movimento pode ter um impacto favorável para crescimento e para ativos de risco, ao reduzir as taxas de juros de longo prazo.

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